Depois de um dia inteiro lecionando,
eu saio da escola Vespasiano Martins,
e vejo o sol se pondo por detrás das casas.
A tarde é laranjada.
Desço a rua, pego a Fernando Correa da Costa
e lá adiante, novamente o sol,
se escondendo agora atrás da ponte onde o trem passava...
Enquanto os carros passam apressados ao meu lado,
eu caminho com meus passos onde já não sou mais professor
e olho com olhos de aprendiz o grande astro
pintando a tardezinha de nossa cidade
e ensinando que a vida é amor...
Subo a rua do trilho, passo pelo camelódromo,
faço a volta,
e logo ali, na Afonso Pena,
novamente eu vejo o sol se escondendo
para além da paróquia Perpétuo Socorro
onde a igreja faz novenas...
Atravesso o rio prosa
subo a dr. João Rosa Pires
e novamente eu vejo o sol se pondo,
logo atrás das três grandes araras...
A tarde começa ficar escura.
Passo pela cabeça de boi,
subo a Júlio de Castilho
onde o sol já se foi, junto com os trilhos...
Na tamandaré,
a tarde é laranja escura...
Glauber da Rocha.

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